julho 05, 2020

Lora Zombie

The king and the princess

Lora Zombie, Rússia, é uma artista desde que se entende por gente, mas só começou a pensar nisso como profissão quando conheceu a banda Gorillaz e quis trabalhar no Zombie Flashe Eaters – o estúdio criativo por trás da banda e inspiração para a sua assinatura. Infelizmente, dessa vontade, Lora só levou uma porta na cara, mas isso não a fez desistir, só lhe trouxe aprendizados. Passou a ser reconhecida quando começou a postar suas obras online em plataformas como o Tumblr, DeviantArt e Facebook. Com o ritmo que foi criando de postar continuamente seu trabalho, alguns poucos comentários e likes foram se tornando centenas, que foram se tornando milhões. A partir disso, começou a fazer parte da companhia de arte Eyes On Walls, a colaborar com marcas como HBO, Warner Brothers, Lollapalooza, Demi Lovato... Só cresceu! Atualmente, Lora Zombie tem um estúdio que leva seu próprio nome (Lora Zombie Studio em Toronto, Canadá) e motivos de sobra para crescer mais e mais.

Obras, devaneios e reflexões...

Clarity
Let it rain

Por mais que através de metáforas diferentes, Clarity e Let it rain trazem a questão do amadurecimento em seus traços: os sentimentos dolorosos, os momentos difíceis sendo aqueles que mais nos fazem crescer. Em Clarity, uma mudança: a inocência (o bebê na pupila e o mar – onde iniciou-se a vida - na íris) tornando-se consciência, clareza e, assim, evolução (a mulher na lágrima). Apenas envolvida pela lágrima, a mulher poderia nascer, a casca da infância iria embora, não havia outra forma de sair da inocência. Em Let it rain, de forma muito parecida, temos a imagem de uma menina-flor, a qual precisa da chuva (dos momentos difíceis) para crescer, ser saudável e forte. Só a ideia da flor em si, passaria essa mensagem, mas vem o arco-íris, então, para reiterá-la. Todo desafio pelo qual passamos vem para algo ainda melhor surgir. Sempre há o que apreender dos dias ruins, por mais que demoremos a perceber.

Pure love I
Pure love II

O amor começa com o cuidado, com a atenção e a proteção, que, no início (Pure love I, onde o casal se assemelha a uma redoma envolvendo a planta), podem até parecer medidas excessivas, mas são para garantir o que está sendo cultivado, que, no momento, ainda é frágil. Quando feito assim, quando cuida-se para que seja enraizado, o amor se torna forte, com várias histórias passadas (as próprias raízes) o firmando e novas (os galhos em Pure love II) reforçando-o. E, a partir do momento em que se torna forte como uma árvore – capaz de viver por anos e anos -, não é mais necessária uma superproteção (em Pure love II, o casal não envolve mais a planta, ela já cresceu mais do que eles), mas, sempre, um olhar atencioso e o ato de estar presente (eles continuam ali e admiram o que cultivaram), por mais que já se tenha mais certeza de que o amor aguentará os baques da vida.

The dreamer I
The dreamer II

Esses são dois quadros que me remeteram muito a outros dois de Salvador Dalí: Moça à janela e Girafa em chamas. Sonhos são necessários, são nossa janela de oportunidades, são estímulos a nossa perspectiva de futuro, porém, realizá-los é ainda mais. Realizar sonhos é uma forma de engrandecer a alma, é perceber que você é totalmente responsável por conquistar aquilo que quer, que é forte e capaz de trilhar o caminho entre tê-los e fazê-los. Em The dreamer I, o garoto olha a janela e sonha com ir para a lua, mas, diferente da Moça à Janela, ao invés de apenas observar, em The dreamer II ele corre atrás daquilo que quer e aqui temos uma girafa como escada para isso. Mais uma vez, esse animal representando o equilíbrio entre sonhar e realizar (ter a cabeça nas nuvens e os pés no chão), a transcendência que se encontra ao ter seus pensamentos e atitudes em acordo.

Love burns I
Love burns II

Em contraste com Pure Love, Love Burns traz uma relação efêmera em destaque. Uma planta tem potencial para crescer, um palito de fósforo tem tempo limitado. Assim é uma relação fundada apenas em superficialidades também. Não é necessariamente irreal (é uma verdade enquanto dura), mas é uma experiência que, no fundo, não frutifica, apenas deixa marcas que nos façam pensar questões como carências e prioridades.

Floating with whale
Whalelala

Aqui, penso em como o universo é algo muito maior (não apenas em tamanho, mas em sentido também) do que o ser humano pode dimensionar. Coisas extraordinárias acontecem a todo instante e sequer notamos. É preciso estar atento...

Play by your own rules

Em um mundo de padrões, ser você mesmo é um desafio... Mas uma das maiores realizações da vida! É ser o colorido em meio a dicotomia, é gastar menos energia para tomar decisões, porque passa-se a respeitar mais as suas próprias vontades e não se estressar com o famoso “o que o outro vai pensar”, é ser diferencial. Seja você e respeite seus limites, os seus gostos, o seu jeito. Viva a sua vida sendo simplesmente você!

Common wrong use of I love you
Wings of love

Existem relações e relações e amor não está presente em todas elas, por mais que, às vezes, digam que sim erroneamente. Amor vem junto com respeito, pois com ele você dá liberdade ao outro para ser quem ele é. O amor cuida, protege, não sufoca, não controla, não passa por cima da individualidade de cada um. Em Common wrong use of I love you, como o próprio nome diz é uma das situações em que a palavra amor é usada erroneamente. É uma relação tóxica. Ele diz que a ama, mas corta suas asas, sua liberdade. Ela acredita, mas sua flor se despedaça. Ela murchará por ter sua personalidade reprimida por esse “amor”, que nada mais é do que controle, desejo de poder sobre alguém. Em Wings of love, no entanto, vemos um caso completamente oposto: uma relação saudável. O coração não se fecha formando gaiola para os pássaros, ele respeita o espaço que deve existir entre as pessoas (a individualidade) para que possa voar (evoluir, crescer), até o cabelo dela se torna asa: tudo nesse casal frutifica liberdade. E, mesmo assim, eles se aconchegam, se unem e se apoiam um no outro. Trata-se da escolha de ficarem juntos e não de uma imposição.

Illusion of fear
Unicorn hunt

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