setembro 06, 2020

Avatar: A lenda de Aang


Avatar: A lenda de Aang é uma série, criada por Michael Dante Dimartino e Bryan Konietzko, que eu não poderia deixar de falar por aqui. A lenda de Aang é aquele desenho que eu reassisto todo ano. Meu preferido entre todos (apesar de também gostar muito de Rick and Morty, Bojack Horseman, Gravity Falls, Carmen Sandiego, entre outros).

Avatar: A lenda de Aang se passa em um mundo onde as populações se dividem em quatro elementos: água, terra, fogo e ar. Esse mundo está passando por uma grande guerra que já dura um século, devido ao avanço da nação do fogo sobre os outros territórios em nome de sua suposta supremacia. Só o Avatar (única pessoa capaz de dominar todos os quatro elementos) - que, no caso, é nosso querido Aang, um dominador de ar - tem poder suficiente para acabar com essa guerra, mas ele desapareceu por cem anos e agora que voltou precisará correr contra o tempo para aprender a dobrar a água, a terra e o fogo e derrotar a nação do fogo antes que seja tarde demais e não haja mais o que salvar.

Essa série perpassa tantas lições, é tão bem feita, tão bem pensada e ao mesmo tempo tão natural, que é difícil não se apaixonar por ela. A começar pelos personagens, todos têm sua profundidade, têm suas razões, arcos incríveis de evolução que demonstram a importância não só das experiências, mas também de mestres no que diz respeito ao desenvolvimento pessoal. Destaque, principalmente, para a personagem Katara que vivia com a "aldeia toda" (quem pegou, pegou, quem não pegou, assiste) no polo Sul, nunca tinha saído daquela região, mas acabou desbravando o mundo enquanto ajudava Aang e ainda encontrou pessoas que te ensinaram muito pelo caminho.


E já aproveitando a brecha que essa personagem também abre para comentar, é importante ressaltar a forma como as figuras femininas são representadas nesse desenho. Talvez, a melhor representação que já vi nas telinhas. Elas são fortes sem parecer forçado, elas são sensíveis, mas não são meros pares românticos, não são meras personagens secundárias, elas ensinam muito aos meninos e também aprendem muito com eles. Elas são normais, cada uma com sua personalidade e, nossa, como é bonito ver a forma como elas fazem diferença para a história. Katara, Toph, Suki, Azula, Mai, Ty Lee, todas são personagens maravilhosas, motivos pelo qual aplaudo muito os criadores da série.

Toph, então, é um caso extremamente interessante. Ela é uma personagem cega, mas isso não é considerado como um defeito em nenhum momento na série, na verdade, é uma vantagem e, inclusive, ela até brinca sobre sua condição. Toph é uma das personagens mais fortes da obra e, o melhor, ela sabe disso! A inclusão é algo natural no desenho, há personagens de todos os tipos e essa pluralidade, essa representatividade é um dos pontos que torna tudo mais incrível. Sobretudo, considerando o ano (2005) em que ele foi lançado, quando essas discussões ainda nem estavam em alta.


Confesso que as relações entre os personagens - não só humanos, mas animais também (Momo e Appa são maravilhosos demais, não tem como negar isso) - é a parte que mais gosto na obra. Poderia facilmente ver as pessoas ao meu redor no lugar das personagens e vice-versa. Não tenho, realmente, ninguém nos meus círculos sociais que domine elementos haha, mas em se tratando das personalidades, conversas e até mesmo piadas retratadas na série posso dizer que me identifico facilmente com várias delas no meu dia a dia. Os diálogos não são robóticos, teatrais, não há monólogos de vilões explicando o seu "grande porquê". Às vezes, a conversa é simplesmente os personagens questionando um urso ser apenas um urso enquanto estão descansando - e, meu Deus, como eu adoro essa cena! As relações se desenvolvem com o tempo e a cumplicidade, a intimidade, melhor dizendo, a amizade que floresce desse desenvolvimento é, claramente, a coisa mais linda de acompanhar no decorrer da história. A equipe Avatar é, de longe, um dos grupos de heróis com maior sincronia, melhor dinâmica que já vi.

A lenda de Aang é um desenho que progride a cada temporada. O amadurecimento não se vê apenas na história em si, mas nos personagens, principalmente. Eles são crianças/adolescentes no meio de uma guerra. Muitas vezes, eles ficam cara a cara com a repressão, o genocídio, a manipulação, a ganância, a inocência, o medo, a vingança, a raiva, a injustiça... Avatar tem um tema pesado em seu contexto, apesar de não lembrarmos muito disso enquanto assistimos, devido ao balanceamento que o humor faz. Mas, o mais importante é a lição de amor e esperança que a série deixa, não só aos poucos, em cada episódio, mas, essencialmente, no desfecho sensacional - me arrepio toda vez que (re)assisto - que a obra dá à lenda de Aang, à sua busca para restaurar o equilíbrio do mundo enquanto entende mais sobre si mesmo.

Algumas reflexões...


O Avatar em si é a única pessoa capaz de dominar os quatro elementos, a ponte entre o mundo físico e espiritual, ou seja, a representação ideal de equilíbrio. Contudo, para que ele atinja esse ápice, é preciso que conheça mais sobre si mesmo, ou então, é apenas poder inconsciente e descontrolado. Por mais que seja um dos seres mais poderosos na série, ainda assim, o Avatar precisa de mestres, entrar em contato e aprender com culturas diferentes, estar sempre aberto ao conhecimento e agir com amor em relação a todas as formas de vida para se desenvolver. Ele precisa entender sobre o mundo e, principalmente, o reflexo deste sobre ele, para que possa controlar suas próprias emoções e não se deixar levar completamente por elas enquanto estiver cumprindo com sua responsabilidade de manter a ordem no mundo. O encontro de Aang com o guru, por exemplo, é uma das partes mais incríveis e mais importantes da série, é quando ele aprende a controlar o estado avatar, entendendo como o fluxo da natureza está, também, dentro dele. Tudo isso, remete à ideia da mudança começando de dentro, da importância do autoconhecimento e consequente autocontrole. É interessante ver como os outros personagens também caminham em direção a ele (o equilíbrio) quando estão abertos a aprender uns com os outros, independente do elemento ao qual pertencem. O personagem Iroh, por exemplo, mostra isso muito bem. Não é à toa que é, também, um dos maiores dominadores. Ele também erra, mas aprende com seus erros, não reluta em enxergar o cinza no preto e branco no qual o mundo se encontra.

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